29.6.09

Signs

História simples, cativante e bem contada. Às vezes não é preciso complicar.

26.6.09

Que venham todos!

Agora que Michael Jackson morreu, comecem as piadas - os portugueses são mestres nisso - tal como aconteceu no 11 de Setembro, em que ainda havia desgraçados a saltar das torres em chamas e já se faziam trocadilhos no mIRC. Tenho a certeza que algures nos bunkers da Brandoa existem grupinhos de nerds com material escrito há anos só à espera que o homem (!) esticasse o pernil. Estavam com o dedo em cima do enter aguardando sinal.

No entanto, há lado positivo a retirar: adivinha-se, finalmente, indícios de retoma na economia americana. Provocada, lá está, pela catadupa de talk-shows, livros, biografias polémicas (teria ele tido um caso com a Princesa Diana? Confirma-se que possuía uma cauda de castor no meio das costas?), mausoléus, novo merchandising do Thriller, teorias da conspiração sobre se ele realmente morreu ou não, ou sobre quem o terá mandado matar.

Afinal morreu ou não morreu? Há quem diga que “está vivo e de boa saúde, a morar com o Elvis em Odeceixe”. Mas se morreu também há quem defenda que “o fascista do Almadinehjad é que o mandou abater com um abacate estragado entregue por um paquete imberbe para calar a media desfavorável.”

Mas o bem de uns é, por vezes, o mal de outros. Michael Jackson era um artista especialmente amado em alguns países. Por isso, se agora David Hasselhoff também se lembra de falecer, temo que seja o colapso da Alemanha. O abalo nas referências culturais do país seria demasiado grave.


Enfim, acima de tudo não se pode negar que Michael Jackson era um artista completo e deu um importantíssimo contributo para a música. Por tudo isto, rest in peace, MJ.



P.S.: Incrível como eu consegui esquivar-me a fazer piadinhas sobre a sua mudança de cor, ou sobre a sua relação duvidosa com criancinhas (que gostavam dele porque não percebiam como é que um adulto ficava com a cara assim... ops!)

23.6.09

Marketing

Sátira genial que mostra como o marketing tantas vezes gosta de complicar o que é simples.

Ler.

(É em inglês, mas está perfeitamente acessível. Have fun.)

22.6.09

Eh pá!



O que é mesmo isto? Nirvana + Cebola Mol? Iron Maiden + promoções na Bershka?

Confesso que gosto, mas deixa-me confuso.
Thanks pela dica, Cat.

(Já agora, para quando um best of? Temas como "Jantar à da minha avó", "Amendoins po Gordo" ou "Pintelho na manteiga" não podem perder-se no meio de material de tanta elevação.)



P.S.: Noutros géneros menos sérios, destaco ainda o novo álbum de Rodrigo Leão, a partir de hoje à venda. Promete.


18.6.09

Aperto de mão

Costuma dizer-se que é revelador da personalidade de cada um. A ser verdade, isso deixa-me bastante apreensivo.


Pense-se na quantidade de potenciais psicopatas que circulam tranquilamente por aí.

Falo daqueles a quem nunca foi dito que um aperto de mão é apenas um cumprimento e não uma oportunidade para se vingarem da sociedade, esmigalhando os ossinhos todos do outro indivíduo.

Normalmente processa-se do seguinte modo: olham nos olhos do inimigo (o termo é este, não tenhamos ilusões), estendem o braço e, qual Chuck Norris, apertam-lhe a mão com ferocidade, esperando um pedido de clemência ou então ver os olhos saltarem-lhe das órbitas. No fundo, tudo se resume a uma prova de masculinidade, a um marcar de posição, como que afirmando com veemência “EU TENHO MUITA PERSONALIDADE E VOU JÁ MOSTRAR-TE!”.


Por oposição, temos pessoas que dão a mão para que alguém a apanhe antes que caia. Refiro-me àqueles cumprimentos sem firmeza, que ao apertar ficamos com a sensação de estar a segurar num Capri-Sonne.

Porquê estes apertos sem dignidade?

Será que nutrem desprezo pela civilização? Será que receiam ser algemados, como nos filmes? Será que, timidamente, nos estão a tentar dizer que não lavaram as mãos depois de terem mictado? O que esconde esta gente? Seja qual for o motivo, desconfiar.


Por fim, consigo ainda detectar uma categoria-nicho a que chamo “Descronometrados”.

Este restrito grupo de pessoas padece de ansiedade aguda, que faz com que comecem o aperto de mão cedo demais, antes de a outra mão ter chegado completamente à posição ideal de encaixe para um aperto como deve ser. Mal sentem a proximidade da segunda mão, lá estão eles já a agarrar. Isto resulta, não num aperto de mão, mas num prender de dedos; o que, para além de incómodo, se torna também embaraçoso.

A estas pessoas, apenas posso sugerir um pouco de calma. Saibam esperar, um aperto de mão nem é coisa para demorar assim tanto tempo. Se necessário, olhem para baixo para verificar se a outra mão já chegou e se está a postos.



Após profunda dissertação sobre um tema que andava a incomodar tanta gente, hoje trago-vos um outro aperto de mão. Uma história curtinha para encerrar o post.


Um dia Maria João - a Mão foi almoçar com os colegas a um oriental ali perto. Comeu caril de vegetais regado a sangria manhosa e rematou com um café quente. A meio da tarde já tinha realizado duas diligências até ao WC.

Um aperto valente, que ainda hoje é lembrado lá no escritório.

12.6.09

Santos

Dias longos, calor, bailarico, cerveja, sardinha na brasa e fedor a carne humana. Caso esteja a verificar tudo isto em seu redor, caro leitor, não se assuste. Está nos santos populares. São as festas do povo em honra do seu santo padroeiro.

O que é que o santo padroeiro fez para ser tão popular? Nada. Não há menos sem-abrigos a dormir em caixas multibanco, não há mais estacionamento livre, não há mais zonas pedonais nem áreas verdes, não há rendas mais baixas para jovens, o Benfica continua a ver o FCP ganhar e o bairro alto continua a fechar às duas da manhã.

Mas ele aparece, faz uma sardinhada e pronto, já tá! Na realidade, é demasiado fácil um santo ser popular.



Hoje gostava de mostrar o outro lado dos santos: os impopulares. Já é tempo de alguém contar a história destes mal-amados.

Tal como os outros santos, não fazem nada durante todo o ano, mas, por alguma razão, não gozam de grande prestígio junto do público. Por isso ninguém fala neles, por isso não têm direito a arraial no Verão. Vamos conhecer alguns.
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S. Bernardo – Os mais crentes juram por tudo o que é mais sagrado que o viram chorar lágrimas de gasolina. “S. Gasóil”, como ficou conhecido, rapidamente se transformou no santo dos camionistas. Mas a contínua escalada dos preços dos combustíveis e o agravamento da crise fez com que a sua imagem ardesse.


S. Coisinho – Tem cara de santo mas já não engana ninguém. Chegou apregoando aos quatro ventos que fazia o melhor café da cidade, arrastou milhares com o seu carisma, mas na hora H o seu milagre da cafeína revelou-se uma bela zurrapa. A decepção foi homérica e S. Coisinho foi perseguido por uma multidão em fúria. Consta que actualmente se esconda algures no norte de África.
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St. Sabrina – Também apelidada de “Nossa Senhora dos Remédios”, zelava pela saúde dos mais frágeis, garantindo que todos tomavam os respectivos medicamentos a horas. Um dia, depois de uma queima das fitas, trocou acidentalmente os comprimidos, resultando numa violenta caganeira colectiva. Depois disso, a sua imagem ficou irremediavelmente na merda.
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S. Yuri – Frio, calculista, profissional. Uma máquina! Um dia apaixonou-se por uma geleira de praia e não mais foi o mesmo. Deu curto-circuito, desligou-se e deixou que as minis ficassem mornas com o calor - Pecado capital! Ele ainda culpou o aquecimento global, mas nada a fazer, a sua carreira já estava congelada.
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S. Barbas – Dava de comer a reis e a mendigos, com ele não havia fome. “Muitos anos a virar frangos”, dizia de peito cheio. Um dia exagerou no piri-piri e arranjou uma úlcera do tamanho de uma bola de andebol. Retirou-se e gere agora uma pequena churrasqueira na Amadora.
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P.S.: São Barbas -> Note-se o esforço de concordância no nome. "É Barbas" estaria incorrecto. Assim se fala em bom português... Embora isso também não lhe tenha valido de muito.

P.P.S.: Os frangos são bons, passe a publicidade.

8.6.09

Lume, copos, acção!


Hoje temos connosco Claude Jean-Marie, pouco conhecido do grande público mas um talentoso cineasta de créditos firmados no escalão mais alternativo. Existencialista convicto, acabado de chegar do Perú, onde foi júri no VII festival quechua de talentos emergentes, está hoje no Macaquinhos no Sótão para falar do seu novo filme.


Claude Jean-Marie - Este filme começou por ser apenas uma conversa de esplanada. E foi mesmo isso, essa verdade latente numa simples conversa de café que quis transportar para a película. São aquelas horas perdidas no tempo que nos levam às reflexões mais profundas.

Porcos no Espaço - Nota-se um cunho pessoal muito vincado nesta história. Diria que é uma obra autobiográfica?

Claude - Toda a arte é autobiográfica. O que eu quis fazer aqui foi desconstruir, numa abordagem minimalista, a subjectividade dos complexos processos intrínsecos da Id freudiana em universos hostis e a forma como as sociedades pós-modernas ocidentais constrangem a dinâmica das nossas pulsões.

Porcos – Sente-se aí alguma denúncia social em ascensão. Aliás, toda a sua obra é uma crítica constante e um marco referencial para autores de várias gerações. No entanto, os seus trabalhos mais recentes abandonaram as linhas mestras mais básicas e obrigatórias da sétima arte.

Claude - Sim, é verdade, zanguei-me com o cinema. O público não ficou acéfalo, foram os produtores. O cinema foi tomado de assalto pelo capital, pelas pipocas do neoliberalismo. Assumiu-se a descontinuidade da mensagem, percebe? Perderam o azimute da evolução... mataram a petúnias dos jardins suspensos... soltaram o boi triste de belzebu... retiraram o prepúcio da criança vesga... enterraram a espiral da... hum...

Porcos - Obrigado, Claude Jean-Marie. Aguardamos ansiosamente a estreia do seu trabalho no nosso país. Para terminar, pode só levantar um pouco o véu e revelar-nos o nome do filme?

Claude – Claro. “Vingança total IV – O regresso do mutante sanguinário”