9.6.10

Expliquem-me!

“Pedra, Neil?! Pedra nós temos! Não sei se reparaste antes de sair, mas este planeta é feito de pedra.” – Dizia Eddie Izzard num dos seus números de stand-up, brincando com o facto de Neil Armstrong ter ido à lua e ter trazido pedra para amostra.

Passa-se o mesmo com as bebidas com gás. Gás, nós já produzimos naturalmente. Na verdade até passamos o tempo todo a tentar livrarmo-nos dele. E, justamente quando estamos a conseguir não ter gás no organismo, toma lá uma Coca-Cola ou uma Frize Limão. INCHA! (Incha mesmo.)

Gostava de entender este fenómeno.



Eu raramente consumo bebidas com gás. Excepção feita à cerveja. Mas aí justifica-se. Não só o sabor é característico como faz parte do conceito de cerveja ter gás. E agora entra aqui um outro fenómeno que também me atormenta: cervejas camufladas.

Que uma cerveja seja de trigo ou de cevada, eu entendo. São processos diferentes mas continua a ser cerveja no final.

Agora, o que dizer de cerveja sem álcool? “Ah, para pessoas que gostam do sabor mas não podem ingerir álcool e tal.”

Ok, dou essa de barato. Mas e cerveja com sabores que não são de cerveja? E cerveja sem álcool com sabor a fruta?!

Vá, tentem lá dar a volta a essa. Cerveja sem álcool e com sabor a fruta chama-se sumo de fruta. Já existia antes, podem conferir. As marcas não estão a tentar chegar a novos nichos de mercado, as marcas estão a querer, num grito de desespero, CRIAR novos mercados. E, convenhamos, estão a cair no ridículo. Cerveja sem álcool e com sabor a fruta é cerveja para quem não gosta de cerveja. Mais, é cerveja que não quer ser cerveja. É cerveja com problemas de identidade. Perguntem a uma dessas cervejas “mas afinal tu és o quê?” e verão o ar confuso da pobrezinha.

O que é que vem a seguir, cerveja com sabor a Um Bongo e amêndoas? Rissol de camarão? Mel com gasolina?

(Aposto que neste preciso momento, acenderam-se luzinhas na cabeça de um marketeer qualquer.)




E agora, licença, que tenho ali um panaché à espera. Saúde!