Tu és aquilo que usas
Também se costuma dizer que quem se deita sem ceia toda a noite rabeia.
De facto dizem-se muitas coisas mas nem todas têm necessariamente de fazer sentido. É o povo a falar, e todos sabemos o que acontece quando o povo dá voz aos seus desígnios e inquietações.
Todavia, no que à primeira situação diz respeito, sou obrigado a reconhecer-lhe alguma verdade.
A mala de uma mulher é um poço de informação.
Um poço no sentido mais literal do termo, tendo em conta a quantidade de objectos que por lá se encontram – ou, como é tão frequente, que por lá se perdem. Do baton ao jerrican de gasolina, tudo, mas mesmo TUDO pode ser extraído do interior de uma vulgar mala de senhora. Acredito, inclusive, que algumas pessoas dadas como desaparecidas poderão eventualmente vir a ser aí encontradas se a PJ tiver a coragem de proceder a algumas rusgas.
Existem, porém, outros detalhes numa mala que nos ajudam a perceber que tipo de pessoa é a sua dona. Por exemplo o design, a cor, ou até, muitas vezes, o preço (perceptível através da marca). As possibilidades são praticamente infinitas.
O que me leva a especular sobre que tipo de mulher será esta:
O que é que me diz uma mala que mais não é do que um tamboril com icterícia?
Que é um tamboril parece não restar qualquer tipo de dúvida. E logo aí é o suficiente para ficar preocupado.
Mas aquela cor amarelada, completamente atípica neste ser marinho, leva-me a supor que se encontra de saúde algo debilitada.
E é aqui que fico mais alarmado. Que espécie de pessoa é que usa um peixe doente como adereço de moda?
Que papel desempenha na sociedade alguém com este perverso sentido de humor?
Esta pessoa vota?
Se eu for ao cinema, posso encontrá-la lá?
Terá algum tipo de ligação, por exemplo, a Joe Berardo?
Estas são apenas algumas das questões que me têm atormentado ultimamente.