28.3.07

Dos esquizofrénicos

Festeja-se o 25 de Abril com orgulho. A seguir, elege-se Salazar o maior português de sempre.

Fátima Felgueiras foge para o Brasil depois de roubar até lhe faltarem os bolsos. Ao regressar, é recebida em apoteose e reeleita para a mesma câmara.

Reclama-se da vida, do tempo e do governo. Quando vamos a votos, abstenção chega aos 50%.



Oh povo mais burro e sem memória. Não dá vontade de ser primeiro-ministro de um país assim.




Desculpem, dois posts num dia, mandando o editorial dar uma volta. Mas ainda não digeri esta recente aparição do Estado Novo.

A teoria do esboço

O Cosmos não brinca com coisas sérias. Ou pelo menos não devia, mas quando nos deparamos com casos como o de Isabel Angelino, por exemplo, percebemos que alguém não tem andado a fazer o trabalho de casa como devia.


Excepções à parte, o Cosmos, enquanto Superior Força de Criação de todo o Universo, é um profissional de topo. E como qualquer profissional, tem método.


Todas as suas criações passam por uma fase de rascunho. Até ao produto final, vai esculpindo aqui e acolá, eliminando imperfeições, acrescentando detalhes, até que, voilá! - sai uma Mónica Bellucci.

Voilá! Uma floresta tropical!

Voilá! Um cavalo Árabe!

Voilá! Um bacalhau com natas!



Terminado o trabalho, os moldes são largados ao acaso. É verdade que apesar de entidade suprema, o Cosmos não é lá grande exemplo de organização. (Leste isto, mãe?)


Para felicidade de alguns, há moldes que ainda vão sendo encontrados.

Por “alguns”, entenda-se aqueles que aproveitam para pô-los à venda no E-bay. Ou totós como eu, que ficam contentes só por encontrá-los, mas que depois não sabem o que fazer com o achado e então toca de espetá-los em blogs.







No outro dia fui ao supermercado e encontrei o molde do comediante americano Jay Leno.

Parece que a ideia era sair um tipo bastante menos bem-humorado.






(Sim, é um pepino. Tentem abstrair-se desse facto, ok? Nesta fase ainda é só uma experiência cósmica, dêem-lhe o desconto.)



Comprei, fui para casa e fiz uma salada. Não ficou grande coisa.

21.3.07

Fenómeno sociais: Nespresso – Parte II

O fenómeno Nespresso não fica só pelo buzz que gera. Há todo um novo ritual por trás do hábito de beber café.


Aliás, beber café, assim tão simples, é coisa do passado. Com a Nespresso, agora bebe-se um Capriccio.


Quem não estiver virado para o Capriccio, pode beber um Ristretto ou um Apreggio. Caso não lhe apeteça um Capriccio, nem um Ristretto nem um Apreggio, pode sempre optar por um Livanto, um Volluto ou um Cosi.


Para aqueles que tendem a evitar a cafeína, ainda há o Decaffeinato e o Decaffeinato Intenso.




Não sei como dizer isto, mas…









ENSANDECERAM TODOS?!





Pessoal, que mal é que tinha o bom velho café?

Pessoalmente nem fazia ideia que existia esta panóplia toda por onde escolher.


Ah, está bem, não existia. Foi inventado. Esqueci-me que se inventam coisas para complicar a vida.







E quem foi o génio acutilante que se lembrou de lhe dar estes nomes? Se a moda pega, vais ser preciso ter o nível 2 do Italiano só para saber pedir uma bica.


- Pardone, empregatti. Dá-mi um Ristretto, per favore.

- Ma qué?

- Tu é stupidotto? Um Ristretto e um copazzo d’áqua, tutti bene?







Se por um lado a máquina Nespresso é sorridente, o mesmo já não se pode dizer das suas cápsulas.



O sorriso ingénuo da máquina (enquanto escorre café pelo nariz que tem na testa) pode estar ligado ao facto de as cápsulas serem inseridas directamente na sua cabeça. É o equivalente ao crack nos electrodomésticos.



Nas cápsulas, a expressão de desencanto em relação à vida é que é mais difícil de explicar.



Há quem defenda que é por causa dos nomes que têm, mas eu acho essa teoria demasiado ligeira. Para mim, elas sabem ao que vão e isso preocupa-as.

Basta observar um bocadinho para perceber de onde vem a preocupação.


Pois, isto é o que acontece ao traseiro de uma cápsula depois de ter passado pela máquina.


Caso para dizer, “quem tem cu tem medo.”



14.3.07

Fenómeno sociais: Nespresso – Parte I

Faz-me espécie!


À noite, as pessoas vão-se deitar normalmente. Na manhã seguinte, acordam todas a falar do mesmo, como se um chip incrustado no cérebro disparasse uma mensagem à hora programada. São assim alguns dos mais curiosos e irritantes fenómenos sociais.


Geralmente, sou o triste que estava mesmo a dormir e não ouviu o chip, por isso fico sem perceber nada da conversa.

Nessas alturas, a sensação com que fico é que estive congelado durante 20 anos, e ao acordar para a nova realidade, oiço falar de coisas que aparentemente só eu é que ainda não conheço, e que já fazem parte da vida de toda a gente.




Um desses casos chama-se Bimby.

Antigamente, para cozinhar, recorria-se a utensílios rudimentares como panelas ou varinhas mágicas.

Às 04h37 de uma noite qualquer, surge a Bimby. No dia seguinte, é como se a Bimby estivesse estado sempre lá. Quem é o totó que ainda não conhece? Onde é que ele tem andando? Chega a ser ofensa perguntar o que raio vem a ser isso que tem nome de stripper checa.





Outro desses fenómenos é o Nespresso.



Mas ao contrário do que seria de esperar, nutro por esta máquina uma grande admiração.



Obviamente que todos andam a falar dela pelos motivos errados.




Reparem: tem o nariz no meio da testa, escorre café cada vez que lhe carregamos no olho esquerdo, e, no entanto, sorri, serena e cândida.



Qualquer outra pessoa iria a correr contar o seu drama à TVI. A minha amiga prefere a abordagem positiva. Ela é assim e orgulha-se disso.




Um exemplo de dignidade.







… A menos que sorria sem ter ideia da figura que está a fazer. Nesse caso, é mesmo estúpido.

7.3.07

Os 3 profetas

Surgiram esta semana novos desenvolvimentos no tão problemático processo de paz do médio oriente.

Ao certo ainda ninguém sabe o que se passou, o que até é normal para aquelas bandas. Mas a cadeia de televisão Al-Jazeera noticiou que um tanque israelita terá explodido perto de uma fábrica de curtição de peles em Gaza, causando grande embaraço no trânsito e algumas centenas de mortos.


Segundo relatos de populares que se encontravam no local, e mesmo alguns que apareceram depois, o que terá estado na base deste incidente foi isto:




Um rótulo.

A esta altura do campeonato, isto já é suficiente para os telejornais terem o que falar.


Um palestiniano de 24 anos abria uma garrafa água quando terá esboçado um sorriso. Nesse preciso momento, uma jovem israelita passava por ele.

Membros de um grupo fundamentalista que assistiam à cena, correram exaltados na direcção do rapaz, enchendo-o de calduços em nome de Ala.


Antes que ele tivesse tempo de explicar que não estava a sorrir para a rapariga, mas das caras no rótulo da garrafa, já o exército israelita tinha chegado.





Eu assumo a minha dose de culpa no conflito.

Desculpa, Mohamed, talvez fosse boa ideia não vires aqui ao blog por uns tempos.