18.6.09

Aperto de mão

Costuma dizer-se que é revelador da personalidade de cada um. A ser verdade, isso deixa-me bastante apreensivo.


Pense-se na quantidade de potenciais psicopatas que circulam tranquilamente por aí.

Falo daqueles a quem nunca foi dito que um aperto de mão é apenas um cumprimento e não uma oportunidade para se vingarem da sociedade, esmigalhando os ossinhos todos do outro indivíduo.

Normalmente processa-se do seguinte modo: olham nos olhos do inimigo (o termo é este, não tenhamos ilusões), estendem o braço e, qual Chuck Norris, apertam-lhe a mão com ferocidade, esperando um pedido de clemência ou então ver os olhos saltarem-lhe das órbitas. No fundo, tudo se resume a uma prova de masculinidade, a um marcar de posição, como que afirmando com veemência “EU TENHO MUITA PERSONALIDADE E VOU JÁ MOSTRAR-TE!”.


Por oposição, temos pessoas que dão a mão para que alguém a apanhe antes que caia. Refiro-me àqueles cumprimentos sem firmeza, que ao apertar ficamos com a sensação de estar a segurar num Capri-Sonne.

Porquê estes apertos sem dignidade?

Será que nutrem desprezo pela civilização? Será que receiam ser algemados, como nos filmes? Será que, timidamente, nos estão a tentar dizer que não lavaram as mãos depois de terem mictado? O que esconde esta gente? Seja qual for o motivo, desconfiar.


Por fim, consigo ainda detectar uma categoria-nicho a que chamo “Descronometrados”.

Este restrito grupo de pessoas padece de ansiedade aguda, que faz com que comecem o aperto de mão cedo demais, antes de a outra mão ter chegado completamente à posição ideal de encaixe para um aperto como deve ser. Mal sentem a proximidade da segunda mão, lá estão eles já a agarrar. Isto resulta, não num aperto de mão, mas num prender de dedos; o que, para além de incómodo, se torna também embaraçoso.

A estas pessoas, apenas posso sugerir um pouco de calma. Saibam esperar, um aperto de mão nem é coisa para demorar assim tanto tempo. Se necessário, olhem para baixo para verificar se a outra mão já chegou e se está a postos.



Após profunda dissertação sobre um tema que andava a incomodar tanta gente, hoje trago-vos um outro aperto de mão. Uma história curtinha para encerrar o post.


Um dia Maria João - a Mão foi almoçar com os colegas a um oriental ali perto. Comeu caril de vegetais regado a sangria manhosa e rematou com um café quente. A meio da tarde já tinha realizado duas diligências até ao WC.

Um aperto valente, que ainda hoje é lembrado lá no escritório.

3 Comentários:

Anonymous demascarenhas disse...

Se não foi uma abelhinha que me veio dizer, por certo pressenti que aquela do “Descronometrado” tinha alguma coisa a ver comigo.

E o dilema instalou-se de imediato. Será que manifesto ansiedade ao não encontrar a outra mão para apertar ou estarei apenas “descronometrado” (desesperado soaria melhor) por chegar cedo de mais quando a mão do parceiro ainda anda a navegar à procura do local de encontro?

Quanto à intenção (à força) do “aperto” não lhe chamaria “personalidade” mas tão-somente decisão.

10:30 da tarde  
Blogger Porcos no Espaço disse...

Demascarenhas, é só um aperto de mão. Certamente até saberás fazer coisas mais complicadas, portanto hás-de lhe apanhar o jeito.

12:34 da tarde  
Blogger Prezado disse...

tás com pouco para fazer, certo?

7:41 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial