8.6.09

Lume, copos, acção!


Hoje temos connosco Claude Jean-Marie, pouco conhecido do grande público mas um talentoso cineasta de créditos firmados no escalão mais alternativo. Existencialista convicto, acabado de chegar do Perú, onde foi júri no VII festival quechua de talentos emergentes, está hoje no Macaquinhos no Sótão para falar do seu novo filme.


Claude Jean-Marie - Este filme começou por ser apenas uma conversa de esplanada. E foi mesmo isso, essa verdade latente numa simples conversa de café que quis transportar para a película. São aquelas horas perdidas no tempo que nos levam às reflexões mais profundas.

Porcos no Espaço - Nota-se um cunho pessoal muito vincado nesta história. Diria que é uma obra autobiográfica?

Claude - Toda a arte é autobiográfica. O que eu quis fazer aqui foi desconstruir, numa abordagem minimalista, a subjectividade dos complexos processos intrínsecos da Id freudiana em universos hostis e a forma como as sociedades pós-modernas ocidentais constrangem a dinâmica das nossas pulsões.

Porcos – Sente-se aí alguma denúncia social em ascensão. Aliás, toda a sua obra é uma crítica constante e um marco referencial para autores de várias gerações. No entanto, os seus trabalhos mais recentes abandonaram as linhas mestras mais básicas e obrigatórias da sétima arte.

Claude - Sim, é verdade, zanguei-me com o cinema. O público não ficou acéfalo, foram os produtores. O cinema foi tomado de assalto pelo capital, pelas pipocas do neoliberalismo. Assumiu-se a descontinuidade da mensagem, percebe? Perderam o azimute da evolução... mataram a petúnias dos jardins suspensos... soltaram o boi triste de belzebu... retiraram o prepúcio da criança vesga... enterraram a espiral da... hum...

Porcos - Obrigado, Claude Jean-Marie. Aguardamos ansiosamente a estreia do seu trabalho no nosso país. Para terminar, pode só levantar um pouco o véu e revelar-nos o nome do filme?

Claude – Claro. “Vingança total IV – O regresso do mutante sanguinário”

2 Comentários:

Blogger Stamp disse...

Será que ele viu o Saraband? Fica a questão.

6:41 da tarde  
Blogger Porcos no Espaço disse...

Ingmar Bergman é demasiado mainstream para ele. Estamos a falar de ARTE.

7:10 da tarde  

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