12.6.09

Santos

Dias longos, calor, bailarico, cerveja, sardinha na brasa e fedor a carne humana. Caso esteja a verificar tudo isto em seu redor, caro leitor, não se assuste. Está nos santos populares. São as festas do povo em honra do seu santo padroeiro.

O que é que o santo padroeiro fez para ser tão popular? Nada. Não há menos sem-abrigos a dormir em caixas multibanco, não há mais estacionamento livre, não há mais zonas pedonais nem áreas verdes, não há rendas mais baixas para jovens, o Benfica continua a ver o FCP ganhar e o bairro alto continua a fechar às duas da manhã.

Mas ele aparece, faz uma sardinhada e pronto, já tá! Na realidade, é demasiado fácil um santo ser popular.



Hoje gostava de mostrar o outro lado dos santos: os impopulares. Já é tempo de alguém contar a história destes mal-amados.

Tal como os outros santos, não fazem nada durante todo o ano, mas, por alguma razão, não gozam de grande prestígio junto do público. Por isso ninguém fala neles, por isso não têm direito a arraial no Verão. Vamos conhecer alguns.
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S. Bernardo – Os mais crentes juram por tudo o que é mais sagrado que o viram chorar lágrimas de gasolina. “S. Gasóil”, como ficou conhecido, rapidamente se transformou no santo dos camionistas. Mas a contínua escalada dos preços dos combustíveis e o agravamento da crise fez com que a sua imagem ardesse.


S. Coisinho – Tem cara de santo mas já não engana ninguém. Chegou apregoando aos quatro ventos que fazia o melhor café da cidade, arrastou milhares com o seu carisma, mas na hora H o seu milagre da cafeína revelou-se uma bela zurrapa. A decepção foi homérica e S. Coisinho foi perseguido por uma multidão em fúria. Consta que actualmente se esconda algures no norte de África.
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St. Sabrina – Também apelidada de “Nossa Senhora dos Remédios”, zelava pela saúde dos mais frágeis, garantindo que todos tomavam os respectivos medicamentos a horas. Um dia, depois de uma queima das fitas, trocou acidentalmente os comprimidos, resultando numa violenta caganeira colectiva. Depois disso, a sua imagem ficou irremediavelmente na merda.
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S. Yuri – Frio, calculista, profissional. Uma máquina! Um dia apaixonou-se por uma geleira de praia e não mais foi o mesmo. Deu curto-circuito, desligou-se e deixou que as minis ficassem mornas com o calor - Pecado capital! Ele ainda culpou o aquecimento global, mas nada a fazer, a sua carreira já estava congelada.
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S. Barbas – Dava de comer a reis e a mendigos, com ele não havia fome. “Muitos anos a virar frangos”, dizia de peito cheio. Um dia exagerou no piri-piri e arranjou uma úlcera do tamanho de uma bola de andebol. Retirou-se e gere agora uma pequena churrasqueira na Amadora.
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P.S.: São Barbas -> Note-se o esforço de concordância no nome. "É Barbas" estaria incorrecto. Assim se fala em bom português... Embora isso também não lhe tenha valido de muito.

P.P.S.: Os frangos são bons, passe a publicidade.

2 Comentários:

Blogger Stamp disse...

Muita bom!!!

6:26 da tarde  
Blogger pegueitrinquei disse...

sempre naquele nível! ;)

9:23 da tarde  

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