1.11.06

Como tudo começou


Eládio Clímaco – tudo se resume a este nome.

Bom, talvez sirva para explicar apenas o início. Eládio, esse grande senhor da televisão portuguesa, e figura de proa no imaginário de várias gerações, apresentava, como era habitual, mais uma edição de Jogos sem fronteiras.

Portugal estava, na altura, ainda mais atrasado na sua corrida para a modernização, e, por isso, programas televisivos como Jogos sem fronteiras e Festival da Eurovisão eram expoentes máximos do entretenimento e do intercâmbio cultural.

Um belo dia à noite, estava eu sentadito no chão da sala, de olhos vidrados na TV, a ver uma emissão de JSF realizada precisamente em Portugal (mais propriamente em Lisboa), quando uma espécie de revelação me é feita:

No final de um jogo, num daqueles planos abertos onde aparecia a tabela com as pontuações de cada equipa, podíamos ver ao fundo a Torre de Belém.

Sim, a nossa Torre de Belém, ex-líbris da cidade de Lisboa e um dos monumentos nacionais de maior relevo. A Torre de Belém, que sempre nos habituámos a ver ali plantada à beira rio, sossegada, imponente, séria, um glorioso legado da nossa História. Hoje, motivo de orgulho dos portugueses; outrora, motivo de respeito dos nossos inimigos.

Pelo menos era a imagem que eu tinha até essa altura. Mas, ao lançar um olhar desatento à Torre, uma súbita luz atingiu-me.

De repente, a Torre de Belém não era mais a Torre de Belém. Ou melhor, a Torre de Belém não era SÓ a Torre de Belém. Era um porco!


Um simpático porco, que parecia dizer “Hi, folks!” a quem ali passasse. Os meus olhinhos incrédulos não queriam acreditar!

Um porco sorridente, como nos desenhos animados ao melhor estilo da Warner Brothers ou mesmo de Walt Disney dos primórdios. Via-se claramente os seus olhinhos inocentes naquelas janelas, a varanda a fazer de nariz e a boca, logo por baixo, com o dentinho a meio - embora, este já tenha desaparecido depois da limpeza que a a Torre sofreu aqui há uns anos. Com um pouco de sorte, ainda podemos ver as patitas de lado e, no topo, o cabelito espetado (sim, um porco com cabelo à Bart Simpson. É estranho, mas a esta altura do campeonato o que é que não é?).




Um porco na Torre de Belém? Qual é a probabilidade?!



Poder-se-ia dizer que os antigos eram senhores de um doentio mas apurado sentido de humor, ou que eu estava a ser vítima de um raide de imaginação infantil, mas eu prefiro acreditar em qualquer coisa maior.


O COSMOS ESCOLHEU-ME PARA ESPALHAR A VERDADE.


Acredito sinceramente nisto. Foi como se, por momentos, uma espécie de universo alternativo se desvendasse todo perante mim. Só a mim.

A Torre estava lá há uma porrada de anos, e nunca ninguém disse “Eh, olha, afinal é um porco!”




A partir daquele momento nunca nada voltou a ser igual para mim. Tem sido um não mais parar de ver caras por tudo quanto é sítio. Umas escandalosamente óbvias, outras nem tanto, e algumas até é preciso dar-lhes uma mãozinha para se revelarem. Mas elas estão sempre lá.


O truque é não pensar muito. Ver caras é um processo imediato. Se pensarmos muito, perdemos tempo e PAM!! fecha-se o portal cósmico.



No entanto, esta tarefa que me coube em sorte tem sido bem mais complicada do que à partida poderia pensar. Eu bem quero mostrar a verdade às pessoas, mas estas perferem jogar pelo seguro e dizer que não vêem nada. Pode ser que assim continuem a levar uma vida normal e não caiam em desgraça como o lunático que têm à frente.

Não as censuro.












Para quem teve a pachorra de ler este texto até ao final só para ver onde é que Eládio Clímaco voltava a entrar, peço desculpa. Foi só mesmo no princípio. Não é que tenha sido por sua causa que eu passei a ver caras em todo o lado, mas a sua voz está intimamente associada ao momento em que descobri que a Torre de Belém era, na realidade, um porco.

Achei que esse simbolismo era bom para agarrar o leitor logo ao início. Mais uma vez, mil desculpas.























A&B

4 Comentários:

Blogger Margarida Guerreiro ou Bia disse...

Eu vi a luz!

10:41 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

so tenho uma coisa a dizer pra grande desconforto meu...EU VI O PORCO!!!Oh NÂOOOOOO!!!!!!!

eduardo

10:55 da manhã  
Blogger Tani disse...

Claro que ele está lá!
Aliás...eles andem ai!
Em Massamá então...Sorridentes e tudo a alegrar as nossas rotundas!

Continua em busca das caras por aí perdidas.
Nós ficamos à espera. Se as virmos avisamos!

Beijo

11:24 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Ehh pahh...

Que posso eu dizer?

A minha vida mudou há uns anos, a caminho do IADE, lá iamos os 3 a caminho dos ensaios da TAI, Pêssego, Pardal e Brito, sempre a ouvir aquela musiquinha do "Deus é grandji mas o já não sei quê é maior" :)

Subitamente, Pardal revela o segredo enquanto desciamos a avenida que vem do Restelo para Belém, mesmo com a Torre de frente. "Estão a ver a torre?" Perguntava Pardal, "Sim" respondemos nós...

"Então e um porco não vêem??? Olhem só ali os olhinhos e o nariz..." Exclamou novamente Pardal.

Pronto, confesso que a minha vida mudou a partir desse momento, vejo sempre o raio do porco quando vejo a torre, principalmente quando a vejo de frente naquela mesma avenida! Estou mudado desde então e a culpa é do autor deste blog!


Grande abraço do Pêssego!!

3:50 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial